Capítulo VI:
Passados dois dias os quatro forasteiros chegaram à capital do Kansas, Topeka, com o objectivo de assaltar o banco. Era uma cidade imensamente agitada. Dois homens batiam-se por causa duma mulher que fitava fixamente os seus amados, o xerife prendia um homem que tinha tentado roubar um cavalo a outro e mais ao fundo da cidade uma grande multidão assistia a um enforcamento. Um rapaz vendia jornais alegremente, gritava: " Thomas Carter, Thomas Carter e companheiros passaram a fronteira! " e outro rapaz, que estava à porta do saloon distribuía também jornais enquanto dizia calmamente: " John, John Quantrill passou a fronteira acompanhado de muitos homens armados! Diz que quer matar Thomas Carter! ".
- O John passou a fronteira? - perguntou James retórico. - Saberá ele que estamos em Topeka?
- Calma, agora vamos alugar um quarto e eu explico-vos o plano. - acalmou-o Tom.
Arrumaram as coisas e alugaram um quarto numa estalagem velha e pobre, porém, como ninguém lá ia, era o sítio ideal para planearem o saque. Sentaram-se enquanto limpavam e carregavam as espingardas e Tom começou a explicar:
- Vamos tentar não matar ninguém e vamos também tentar que não nos identifiquem. - levou um cigarro à boca e deu um gole de whisky. - Já vos explico o que vamos fazer.
- Assim gosto mais! - exclamou Frank aliviado enquanto levava um cigarro enrolado por ele à boca.
- Deixa o Tom explicar! - gritou Jack irritado. - Continua Tom.
- Bem, é assim. - começou Tom. - Frank e James, vocês vão trabalhar no banco. O Jack vai fazer um depósito e o depósito sou eu.
- Como assim? - perguntou James ansioso por ouvir todo o plano.
- Deixa-me acabar! - gritou Tom irritado. - Tu e o Frank, como já disse, vão oferecer-se para trabalhar no banco, esperemos que eles aceitem. Depois o Jack vai depositar uma caixa enorme e eu estou lá dentro, o Frank e o James vão ficar lá para garantirem que enquanto eu estou a tirar o dinheiro ninguém espreita para lá para dentro. Dentro da caixa vão estar também mantimentos pois eu vou ficar lá dentro durante dois dias e algumas horas, combinamos depois as horas pois tem que ser durante esse tempo que o Frank e o James vão distrair os outros empregados para que não entrem na sala do dinheiro. Depois o Jack está lá fora e prende os guardas na hora certa, eu saio e encontro-me com ele. Passadas algumas horas o Frank e o James vêm ter connosco até a algum sitio que combinamos depois. Levamos o saque e partimos para o Texas. Parece-vos bem?
- Por mim tudo bem. - disse Frank enquanto se ria. - É o plano que mais me agrada.
*****
Frank e James, com tudo planeado, caminharam até ao banco para fazerem uma boa impressão. Abriram a porta e foram até ao balcão que estava vazio.
- Por acaso não nos arranja emprego? - perguntou James com o cotovelo encostado ao balcão.
- Parecem pistoleiros. - disse o homem com ar desconfiado. - Se querem trabalhar aqui têm que deixar as armas na esquadra.
- Podemos ser guardas! - exclamou Frank com cara de mau. - Guardamos a sala do dinheiro e transportávamos os depósitos até lá... isso impediria muitos roubos!
- Sim, a ideia agrada-me. - disse o homem que começava a gostar da ideia. - Por acaso já não temos guardas à algum tempo. Cem dólares ao mês chega?
- Chega e sobra! - exclamou James sorridente.
- Mas como posso ter a certeza de que são realmente bons a proteger alguma coisa? - perguntou o homem sempre com o mesmo tom e a mesma cara. - Quero-vos ver a lutar e a usar a arma.
James virou-se para trás e deu um murro na cara de um homem que por lá passava. O homem recuou uns passos. Outros três homens grandes e fortes juntaram-se à luta. Frank mandou um murro na cara de um deles, mas este, sem qualquer dor, empurrou Frank que foi bater de costas na parede. James atirou-se para cima do homem que tinha levado o primeiro murro e começaram os dois a lutar. O homem, desesperado, partiu uma garrafa com a mão direita e agarrou o pescoço de James com a mão esquerda. James começou a sufocar enquanto via os vidros cortantes a aproximarem-se-lhe do olho direito. Frank, ao ver o irmão aflito, atirou-se para cima do homem e retirou-lhe a garrafa da mão, depois atirou a garrafa pelos ares e começou a esmurrar o homem. Os outros três homens dirigiram-se a ele, mas James passou uma rasteira ao primeiro e os outros dois caíram por cima dele. Um dos homens, irritado, pegou em James pelas pernas e este ficou pendurado enquanto era esmurrado pelos outros dois. Já com o sangue a escorrer pelo nariz e com os olhos já quase cerrados um dos homens levou com um tiro nas costas e caiu para o lado, os outros dois, sobre a ameaça da arma de Frank, puseram as mãos no ar e recuaram deixando James no chão quase inconsciente.
- Desapareçam! - gritou Frank enquanto lhes apontava a arma e ajudava o irmão.
Os dois homens pegaram o amigo morto e saíram.
Passados segundos o xerife entrou de rompante e apontou as suas pistolas para os dois irmãos. Era um homem médio, mas notava-se que tinha jeito com a arma. Tinha uma estrela prateada que brilhava com a luz do Sol no peito o que lhe dava um ar forte e bom no que fazia. Porém tinha uma cara ridícula, faltava-lhe um dente e tinha uns olhos azuis e " achinesados ", o que não combinava com o seu cabelo preto escuro.
- O que se passa aqui? - perguntou ele com ar peremptório.
- Bom dia xerife! Não se passa nada, eles apenas estavam a demonstrar a sua arte com as armas e a sua capacidade de luta. Vão ser os novos guardas do banco, o que fará com que o seu dinheiro fique melhor guardado e com que esta nota caiba bem no seu bolso... - disse o dono do banco enquanto punha uma nota de dez dólares no bolso do xerife.
O xerife não achou piada à brincadeira e atirou o dinheiro para o chão. Depois deu um safanão no homem que caiu ao chão.
- Vão-me acompanhar até à esquadra por homicídio... - disse o xerife, mais uma vez, com ar peremptório.
- Não, por favor xerife! - suplicou Frank no chão de joelhos. - O que se passa é o seguinte, aquele homem tinha-me roubado o cavalo, por isso é que o matei!
- Então assim já é diferente... - murmurou o xerife. - Podes provar que o cavalo era teu?
James e Frank olharam um para outro amedrontados com a ideia de serem presos.
- Sim, claro! - exclamou Frank e James esfregou a mão na testa.
Olharam os dois para a janela e viram Jack que lhes acenava. Jack levantou a sela do cavalo do homem e mostrou-lhes o nome que lá estava.
- Lá no cavalo diz James Collins Horse. - disse Frank aliviado.
O xerife mantendo-os sobre a mira foi até ao cavalo e verificou que o cavalo tinha lá mesmo isso escrito. Depois baixou a arma e disse calmamente:
- Pronto, ok, fica lá com o teu cavalo e podes ir trabalhar para o banco...
Jack acenou-lhes e, com grande alivio, mandou-os começar a trabalhar.
A primeira parte do plano estava concluída.
CONTINUA...