Capítulo III:
Tom, Jack, Frank e James apanharam o comboio no dia seguinte de madrugada e partiram.
Dois dias depois chegaram a Kansas City. A cidade estava completamente destruída. As casas ardiam e corpos Sulistas e Nortenhos jaziam no chão inertes. O cheiro a morte e a sangue pairava no ar, a destruição reinava no que restava da cidade. Quem tinha sobrevivido estava a fazer malas e a arranjar cavalos para partirem para longe... mas o governo não permitia que saíssem do estado e para se conseguir sair era preciso passar por imensos sentinelas e, mesmo que se conseguisse fugir, os fugitivos ficariam com a cabeça a prémio.
Tom avançou preocupado pelos corpos no chão e dirigiu-se até a um homem que chorava à frente dos corpos da sua mulher e das suas duas filhas.
- Conhece Sarah e Sophie Carter? - perguntou Tom desesperado.
O homem não conseguiu responder tal era a dor que sentia. Tom pegou na arma e bateu com o cabo na testa do homem que caiu para trás enquanto tentava conter a hemorragia que queria sair da ferida.
- Eu fiz-lhe uma pergunta! - gritou Tom. Jack e Frank correram até ele para o acalmar.
- Quem é o senhor? - perguntou o homem deitado no chão quase inconsciente.
- Sou o marido dela. - respondeu-lhe Tom. - Sou Thomas Carter.
- Thomas Carter?! E eu sou George Washington! - gritou o homem ironicamente enquanto ria intensamente.
- Sou mesmo Thomas Carter. - disse Thomas já com a arma a apontar para a cabeça do pobre homem. Abriu a camisa e mostrou ao homem uma cicatriz da Guerra Civil.
- Eu também tenho cicatrizes! - gritou o homem que se continuava a rir intensamente. - Isso não faz com que eu...
Tom pegou no homem pelo colarinho e deu-lhe um murro na barriga. Depois, encostou-o à parede de um edifício e encostou-lhe a arma à cabeça.
- Onde estão elas? - perguntou com os dentes cerrados.
- Desapareceram mal as tropas Sulistas chegaram... - respondeu o homem já quase com os olhos fechados. - Os nortenhos ainda as procuraram mas nunca mais ninguém as viu...
Tom largou o homem e este caiu partindo a perna. Deitou-se no chão, fechou os olhos e nunca mais os voltou a abrir.
- Mataste-o! - gritou Jack zangado. - Estás a ficar descontrolado!
- Elas tanto podem estar mortas como vivas... - murmurou Frank. - Podem ter conseguido passar a fronteira.
- Achas mesmo? - perguntou Tom com um sorriso de desgosto. - Achas mesmo?! Não gozes comigo!
- O que é que achas melhor? - perguntou Jack encostado a uma parede enquanto suspirava. - Desistirmos da tua família ou passarmos a fronteira e procurá-las?
- Mas teríamos que viver uma vida de crime! - exclamou James preocupado com a decisão dos dois. - Seríamos procurados e como é que íamos arranjar dinheiro para sobreviver?
- Roubando... - murmurou Tom pois a ideia já lhe estava a agradar. - Amanhã tentamos passar a fronteira.
*****
Dois homens fortes e armados caminhavam para dentro de uma pequena casa. Entraram e um deles gritou:
- John! John Quantrill!
John, um homem magro com uma enorme cicatriz no olho esquerdo, desceu as escadas enquanto fumava um cigarro. Bateu com o pé no último degrau e os dois homens recuaram como num reflexo. Sacou das armas e fê-las rodar no seu próprio dedo, depois agarrou-as e voltou a pô-las no coldre.
- Digam... - murmurou ele com um ar misterioso.
Os homens empurravam-se um ao outro amedrontados. Por fim, um disse:
- Thomas Carter foi-se embora...
- Então isso são boas notícias! - exclamou John. - Porque estão com tanto medo vocês os dois? Nem parece de vocês Edward... Steve porquê tanto medo? Contem lá o resto!
- Ele está agora em Kansas City. - disse Edward. - Matou um homem...
- Quero lá saber se matou um homem! - exclamou John já sem paciência.
- Mas não era um homem qualquer... - murmurou Steve cada vez mais amedrontado. - Era o seu pai... As suas irmãs e a sua mulher também morreram. E Thomas anunciou que ia passar a fronteira, já estão a reforçar a sentinela.
John caiu devastado no chão... Thomas tinha matado a única pessoa de quem John gostava. John recompôs-se e agarrou na arma:
- Juro vingança... - murmurou John. - Vamos passar também a fronteira e vamos matá-lo.
CONTINUA...