Capítulo IX:
James correu até ao cofre enquanto Frank apontava a arma ao refém. Encostou o ouvido ao cofre. Não se ouvia nada, não havia sinais de Tom. Pôs a mão na manivela e arrastou a manivela até ao nove. Depois, com muito esforço, arrastou-a até ao um. Depois, já cansado, arrastou a manivela até ao dois. Continuou a arrastar a manivela pela ordem e, por fim, o grande portão de metal abriu-se. James deparou-se com Tom desmaiado no meio da sala. Entrou e correu para o amigo, mas algo o afastou, um cheiro terrível que parecia veneno. James saiu e voltou a fechar o cofre antes que o veneno lhe chegasse.
- Frank! - gritou James. - Quase desmaiei, está um cheiro esquisito lá dentro! E o Tom está no chão inconsciente.
- Bolas, já esperava... - murmurou Frank enquanto levava a mão à testa. - O cheiro de suor misturado com o cheiro das substâncias que as notas têm forma um veneno que pode matar...
- Então o Tom pode estar morto?! - perguntou James incrédulo.
- É possível, tudo depende de à quanto tempo desmaiou. - respondeu Frank enquanto mordia os lábios.
- Como vamos entrar lá? - perguntou James sem saber o que fazer.
- Faz o que eu digo. - respondeu Frank. - Abre o cofre com a combinação e depois espera que eu te diga mais coisas! Cuidadosamente...
James arrastou a manivela até todos os locais necessários e, por fim, o cofre abriu-se. James levou o pano até à boca para conseguir respirar e abanou as mãos numa tentativa para que o veneno se afastasse. Começou a ficar tonto. Recuou uns passos e agarrou-se até à banca, mas o veneno era mais forte. Tentou andar para a frente de modo a fechar o cofre. Deu dois passos para a frente mas o veneno cada vez era mais letal. Começou a ver manchas negras à frente dos olhos, não conseguia ver nada, estava cego. Tentou olhar para os lados em busca de qualquer coisa para se agarrar, mas como não via nada isso era impossível. Andou para a frente e, para azar dele, bateu com a cabeça na esquina de um armário com toda a força. O sangue começou a jorrar pela sua testa ferida. Caiu de costas no chão enquanto tentava respirar, mas nem isso conseguia fazer bem. Fechou os olhos que já não viam à muito e ficou imóvel no chão.
- James! - gritou Frank ao ver o irmão deitado no chão com o sangue a jorrar pela cabeça.
- O veneno vem para aqui! O veneno vem para aqui! - gritava o dono do banco aflito sem saber o que fazer. - Se ele chegar aqui morremos, solte-me, vá lá, solte-me e juntos saímos daqui...
Frank mandou dois murros no dono do banco que ficou inconsciente. Depois, antes que o veneno lá chegasse, pegou numa nota e rasgou-a até se transformar em papas. Depois juntou uma pinga de suor e outra de sangue. Pegou num bocado de petróleo e juntou à mistela. Colocou a mistela num frasco e avançou com o lenço a tapar-lhe a cara.
Bebeu um pouco da mistela mal chegou ao veneno. Depois começou a correr sem grandes problemas e avistou o seu irmão deitado no chão cheio de sangue. Correu até ele e fê-lo beber um pouco da mistela. James abriu os olhos lentamente e conseguiu ver o irmão.
- Milagre! - exclamou James. - O que fizeste?
- Aprendi isto com um índio no Missouri... - respondeu Frank. - Fiz muita coisa que tu não sabes...
- Está bem, agora vamos ajudar o Tom. - exclamou James enquanto tentava amparar o sangue que lhe jorrava pela cabeça.
Entraram dentro do cofre. Cerca de metade das notas tinham apodrecido por causa do veneno. Frank deu um pouco de mistela a Tom e depois atirou-a pelo ar. O veneno desapareceu em poucos instantes. Tom abriu os olhos.
- O que aconteceu? - perguntou.
- Já temos a combinação, pois como já viste abrimos o cofre. Agora vamos encaixotar o dinheiro. - respondeu Frank entusiasmado. - Vamos ser mais ricos que sei lá o quê!
- Mas metade do dinheiro está líquido! - exclamou Tom incrédulo.
- Encaixota o que temos, depois explicamos o que aconteceu... - respondeu Frank.
Começaram a encaixotar e prepararam-se para o resto do plano.
*****
Jack acabara de colocar os cavalos nas traseiras do banco. Dirigia-se agora até à casa do xerife para apresentar a queixa que fazia parte do plano. Pôs um ar de inocente e bateu à porta do xerife. Alguns segundos depois o homem forte e alto abriu-lhe a porta e perguntou rudemente:
- O que queres?
- Xerife! Estão três homens... três homens... - respondeu James enquanto fingia estar cansado e amedrontado.
- Vá, desembucha! E fala calmamente! - gritou o xerife impaciente.
- Estão três homens a assaltar o banco! Têm dois funcionários e o Dick Richard como reféns! - gritou Jack enquanto fingia estar aflito.
- Tens a certeza disso? - perguntou o xerife com cara de caso. - Estás a fazer uma acusação muito grave, tenho que confirmar primeiro.
- É verdade! - gritou Jack. - Pode ir verificar!
O xerife subiu as escadas da sua grande casa e vestiu-se. Colocou a estrela no peito e desatou a correr até ao banco. Escondeu-se atrás da porta e espreitou pela janela. O cofre estava aberto e os três homens a encaixotar o dinheiro. O xerife correu até ao Edifício Municipal e começou a escrever um telegrama:
Três homens armados a assaltar o banco.
Quero reforços!
Topeka.
CONTINUA...