Capítulo XII:
Tom e Jack cavalgavam velozmente no meio do bosque à procura de sinais de vida, qualquer coisa que pudesse ajudar Frank e James. Os dois irmãos jaziam feridos na traseira do cavalo de Jack... já não tinham muita esperança de vida, pois o desastre tinha ocorrido à duas horas, e precisavam urgentemente de tratamento médico. Tom via as suas esperanças desvanecerem-se diante dos seus olhos. Como poderiam eles, no meio de um bosque, encontrarem um médico quando, ainda por cima, também estavam feridos? A perna de Tom começava a doer cada vez mais, e o sangue jorrava cada vez com mais intensidade... uma das balas estava ainda dentro da perna e cada vez fazia mais estragos. O ferimento de Jack era ligeiro, mas apesar disso doía imenso. Contudo, não havia grandes problemas.
Tom avistou, no horizonte, uma grande e bela casa. Era enorme, óbvio de que era de gente rica e importante do Kansas, podia ser a última esperança de Frank e de James. Tom e Jack cavalgaram e passaram por cima dum rio a cavalo. A água inundou os seus corpos feridos e limpou o sangue e a sujidade que eles transportavam. Desmontaram os cavalos e Jack desatou a correr para a porta, enquanto Tom agarrava nos dois irmãos. Ouviu-se o retinir da campainha. Passaram-se alguns momentos, que pareceram muito longos para os dois ladrões aflitos. Por fim, um homem de fato e gravata todo aperaltado atendeu-os.
- O que querem? - perguntou o homem com cara de desprezo.
- Bem, fomos atacados por uma tribo de índios, e os nossos companheiros estão gravemente feridos. - respondeu Jack com cara de coitadinho. - Como pode ver eu e o meu amigo estamos feridos também, precisamos de assistência médica, por favor...
- Valha-me Deus! - gritou o homem ao ver o corpo de Frank esvair-se em sangue. - O meu filho deve estar a chegar, ele é médico, pode-vos ajudar. Allison, filha, vem cá ajudar!
Uma rapariga bonita e despachada desceu as escadas e parou por uns momentos ao ver Jack, Tom e os dois irmãos naquele estado. Sem uma palavra, foi ter com eles, e levou-os para dentro, pois o seu pai teve que partir para o trabalho.
- Estamos muito agradecidos... - murmurou Tom enquanto levava a chávena de chá quente à boca. - O seu irmão vai demorar muito? Os meus irmãos estão muito feridos como vê, precisam de assistência.
- O meu irmão deve estar prestes a chegar. - respondeu Allison enquanto atava um pano às costas de Frank. - Estou certa de que vão sobreviver, tenha calma.
Um homem esguio abriu a porta de rompante. Deparou-se com os quatro homens, todos a sangrar, e perguntou bruscamente:
- O que se passa aqui?!
- Tem calma Jim! - gritou Allison. - Eles estão feridos, precisam de assistência.
- Mas esses homens são ladrões, assaltaram o banco em Topeka e causaram o pânico e... - Jim não teve tempo de acabar o que dizia pois ouviu o puxar de um gatilho.
- E tu vais ajudar-nos de bom gosto! - exclamou Jack enquanto lhe apontava a arma. - Estou certo?
- Seus monstros! - exclamou Allison a chorar. - E eu que pensei estar a ajudar causas célebres!
- O tratamento terá que ser muito longo! - exclamou Jim.
- Por isso é que vai começar já! - gritou Jack que cada vês mais perdia a paciência.
O homem pegou nuns aparelhos e começou a examinar o corpo de Frank, sobre a ameaça da arma de Jack. Examinou o corpo durante bastante tempo e abriu-lhes as costas, sempre sobre sobre pressão. Por fim conseguiu retirar a bala, a qual deitou ao lixo, e voltou a fechar as costas de Frank. Depois, cuidadosamente, retirou as duas balas que estavam em James, muito facilmente e amparou a imensa hemorragia de que por lá saía. Por fim, retirou as balas da perna de Tom. Todos estes processos tinham demorado o dia inteiro.
- Pronto... - murmurou o médico. - Agora vão se embora...
- Pensa que me engana? - perguntou Jack bruscamente após ter atirado um copo de whisky para o chão, o que se partiu. - Fui médico durante três anos, e sei muito, muito bem que eles vão continuar a precisar de assistência médica! Agora conte-nos o que realmente se passa!
Allison, envolta de lágrimas, desatou a correr e subiu as escadas amedrontada.
- Como é que ele se chama? - perguntou o homem a apontar para um dos feridos, depois de um suspiro.
- James. - respondeu Tom calmamente enquanto continha um grito abafado, pois o tratamento da sua perna tinha sido imensamente doloroso.
- Ok... - murmurou Jim. - A recuperação de James está iminente. Uns cinco ou dez dias e está curado. Quanto a ti, Tom se não me engano, nem se fala, dois dias e já andas. Agora este aqui...
- Ele chama-se Frank! - gritou Jack. - Desembuche!
- Não sei se pode sobreviver. - disse Jim. - O ferimento dele é muito grave... se sobreviver serão precisos meses... seria preciso um milagre para voltar a ser como era dantes, e até mesmo para sobreviver. - Contudo, um médico de Washington ensinou-me a fazer um tratamento para estes casos, mas ainda está em fase experimental. Só se o fizer...
- E não dá para esperar até que o tratamento já esteja confirmado? - perguntou Jack.
- Isso só daqui a uns meses, e aí o vosso amigo estará morto. - respondeu Jim.
- Então faça esse tratamento! - exclamou Tom.
- Ok, vou preparar-me, começo daqui a alguns momentos. - disse Jim enquanto dava um golo em seco.
Tom e Jack olharam um para o outro entristecidos.
CONTINUA...