Capítulo V:
John e Charles estavam frente a frente perante o que podia vir a ser uma desgraça para um deles. John escondia o seu medo e lançava um ar desafiador a Charles que olhava para ele enquanto tentava esconder a grande vontade que tinha de rir. A multidão continuava a fazer apostas e examinava-os dos pés à cabeça. Quando Charles fitava a multidão esta como de instinto tirava o olhar dele e fingia que estava a fazer outra coisa.
Sacaram e dispararam a arma ao mesmo tempo. A bala de John atingiu o ombro de Charles de raspão, porém, a bala de Charles atingiu o ventre de John e trespassou o seu corpo magro acabando por partir com a janela do saloon. John caiu ao chão enquanto se esvaía em sangue, murmurou qualquer coisa que a multidão não conseguiu perceber e logo depois ficou inconsciente.
Charles passou com o olhar para toda a multidão e depois olhou com todo o ódio que tinha para o corpo de John onde o sangue continuava a escorrer-lhe pelo ventre e a inundar o chão. Montou a cavalo e fugiu da cidade antes que o xerife interviesse.
Tom desatou a correr com os outros a trás preocupados e foram encontrar uma multidão reunida a fazer um círculo.
- Ouvi tiros, deixem passar! - gritava.
Empurrou a multidão e quando chegou à frente, com todos a resmungarem, viu o corpo de John no chão que se esvaía em sangue e ao lado um médico que examinava o corpo duma ponta à outra e tentava parar a hemorragia.
- Não está morto. - disse o médico. - Parece-me que talvez dê para tratar, mas vai demorar a recuperar. Ajudem-me a levá-lo para minha casa! Rápido!
- O que... - logo que Jack viu o corpo no chão a voz desvaneceu-se. - Como é que isto aconteceu?
- Ele desafiou Charles Brooks! Foi atingido no ventre! - disse uma voz que vinha da multidão.
- Ele desafiou o Charles?! - perguntou Sarah. - Agora é que deu para ver como é estúpido! Devia ter-nos chamado!
- Ele agora não precisa de que o insultes, - disse Tom. - precisa é que o ajudes!
Tom, Sarah, Jack e dois homens fortes ajudaram o médico a levar John para a sua casa. Instalaram John na cama e o doutor foi buscar os utensílios de que necessitava.
- Muito obrigado! - exclamou Tom. - Foi muito amável da sua parte Doutor...
- Doutor McNeill, não foi nada... - disse o médico.
- Como é que ele vai? - perguntou Jack que olhava para o corpo do amigo.
- Duas a três semanas e ele recupera! - exclamou o doutor. - A sorte foi que não atingiu nenhum órgão vital.
Tom, Jack e Sarah olharam-se com alívio.
*****
Duas semanas depois a recuperação de John estava iminente e este já conseguia sair da cama embora com muito esforço. O Doutor McNeill continuava a tratar com cuidado John e ofereceram-lhe dois cavalos como agradecimento. Tom tinha partido para San António quatro dias antes para falar com um amigo de Sarah que era soldado e lhes daria informações confidenciais sobre Charles.
Jack e Sarah estavam sentados sobre o parapeito da janela a apreciar a paisagem e o esplendor daquela zona.
- Gostas do Tom, não gostas? - perguntou Jack enquanto sorria.
- O que raio é que te leva a pensar nisso?! - perguntou Sarah envergonhada.
- Reconheço esse olhar nas raparigas como tu. - disse Jack enquanto levava um cigarro à boca.
- Não tens nada a ver com isso, desaparece! - gritou Sarah que desceu do parapeito e saiu de casa a correr.
*****
Tom chegou por fim a San António. Não era uma cidade tão agitada como Austin, mas era das mais agitadas do Texas. Posou o cavalo e entrou no saloon de rompante, sentou-se ao balcão pois todas as outras mesas estavam ocupadas e pediu:
- Um Whisky por favor.
O dono do bar sem qualquer palavra pegou numa chávena e entregou-a a Tom.
- Conhece algum Buck Mitchel? - perguntou Tom depois de dar um breve golo.
- Sim claro! O Buck é um velho amigo meu, está a tratar de papelada no Edifício Municipal.
- Estou-lhe muito grato senhor. - disse Tom com um leve sorriso na cara.
Tom levantou-se e foi até ao Edifício Municipal. Era o Edifício Municipal mais pequeno que alguma vez tinha visto. Estava tudo desarrumado e um homem perguntou secamente a Tom:
- O que queres?
- Bom dia, sou Thomas Carter, Sarah Adams enviou-me. - respondeu-lhe Tom num igual tom.
- És amigo da Sarah? Ah, então é diferente... Em que te posso ser útil? - perguntou o homem com um sorriso na cara.
- Quero todas as informações que me possa dar sobre Charles Brooks. - disse Tom.
- Posso ser amigo da Sarah, mas não sou corrupto! - gritou o homem. - Nem penses que o faço.
- Cem dólares chegam? - perguntou Tom.
- Não! Já disse que não sou corrupto! - gritou o homem.
Tom aproximou-se do homem e deu-lhe dois violentos murros que o fizeram cair da cadeira com um fio de sangue a escorrer pelo nariz.
- Nem penses... - disse o homem.
Tom pegou na arma e apontou para a cabeça do homem.
- Ok, ok, aqui está! - gritou ele enquanto estendia a mão com um grande envelope.
- Se contas alguma coisa a alguém venho aqui e mato-te... - disse Tom e com isto saiu do Edifício, montou a cavalo e partiu de volta a Austin.
CONTINUA...